quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Artigo sobre o dia a dia dos advogados de José Lucio Glomb

Para falar da profissão nada melhor que o Presidente da OAB/PR, José Lucio Glomb

"Nesta quarta-feira (11) – Dia do Advogado – o jornal Gazeta do Povo publicou um artigo do presidente da OAB Paraná, José Lucio Glomb, sobre o dia a dia enfrentado pelos profissionais da advocacia. Confira o texto na íntegra:

Advogados, advogados, advogados...

Quem não é advogado nem sempre imagina o dia a dia desta grande profissão. A rotina de petições, audiências, recursos, sustentações só pode ser entendida plenamente por quem a vive todos os dias do ano.

O advogado não tem final de semana. Afinal... segunda-feira vence o prazo do recurso! Raramente tem férias, porque em geral as audiências continuam ocorrendo. As férias e a suspensão integral dos prazos constituem antiga aspiração e estão em debate no Senado em projeto que merece ser aprovado.

Quando os clientes pedem que o advogado esteja presente, sabem que ele é também mentor, consultor. É ele que dá segurança, sabendo que isso representa mais um ônus da sua profissão. O título desta coluna relembra artigo escrito há muito tempo, aqui na Gazeta do Povo, pelo professor João Régis Fassbender Teixeira. Durante mais de 25 anos ele manteve uma coluna neste jornal. Costumava lembrar que o cliente chega ao escritório cabisbaixo, com o cenho franzido. O advogado ouve seu caso, faz suas anotações e considerações. Então o cliente vai embora, sai, aliviado. Mal sabe ele que será o profissional quem irá dormir pouco, preocupado com o caso agora sob sua responsabilidade. Às vezes fortuna, riqueza, reputação de uma vida inteira são deixadas sob o saber do advogado.

Entre as obrigações do advogado está a de contribuir para a melhoria das instituições, o que demanda despreendimento, coragem, independência, além da indispensável solidariedade que enobrece a profissão. Claudio Mariz disse que ele é o porta-voz dos direitos constitucionais e processuais do cliente. O advogado é o arauto dos direitos e das garantias que são de todos e de qualquer cidadão. Se forem eles violados no caso concreto, a sociedade e cada cidadão se tornam vítimas potenciais do arbítrio e da prepotência.

Dizia que a advocacia é uma ciência, pela gama de conhecimentos que exige; arte, em razão do acentuado grau de criatividade e de beleza estética – palavra escrita ou falada – que a envolvem e sacerdócio, mercê da abnegação, renúncia e compreensão da alma humana impostas ao advogado.

Nosso patrono, Rui Barbosa, na formidável e sempre lembrada Oração aos Moços, dava seu recado aos advogados, recomendando amor à pátria, fé em Deus, na verdade e no bem. Como disse ele, ao advogado não cabe não se subtrair das causas impopulares, nem as das perigosas quando justas. Onde for apurado um grau que seja de verdadeiro direito, não se deve regatear o consolo do amparo judicial. É de Rui a clássica afirmação que a função precípua do advogado é ser, ao lado do acusado, inocente ou criminoso, a voz dos seus direitos legais. Mas jamais confundido com ele (o cliente).
O dia 11 de agosto deveria ser, mas não é, feriado para quem exerce a advocacia. Hoje, como ontem e anteontem, será dia de colocar o serviço em dia. Mas ao menos hoje poderemos comemorar juntos a travessia de mais um ano no exercício desta difícil e nobre profissão.

Com orgulho olhemos para o horizonte, de cabeça erguida, certos da nossa contribuição ao direito, à justiça e para a sociedade. Aos colegas advogados e advogadas, os nossos parabéns pelo seu dia."

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