quarta-feira, 28 de março de 2012

Conselho busca auxílio para ressocialização de presos

Os advogados Hamilton Laertes, Ricardo Flores e Rodrigo Campana fazem parte do grupo de voluntários
Londrina - ''No Brasil não existe prisão perpétua. Cedo ou tarde alguém que cometeu crime vai voltar para as ruas e merece igualdade de tratamento, já que perante a Justiça já pagou sua dívida.'' A constatação é do advogado criminal Hamilton Laertes, de Londrina. Para ele, a ressocialização dos ex-detentos é uma parte importante do trabalho de combate à criminalidade.

Determinado a partir do discurso para a prática, Laertes e outros advogados da cidade criaram em janeiro o Conselho da Comunidade, cujo objetivo é promover ações que contribuíram para que os egressos do sistema penal voltem a viver em sociedade e não cometam novos crimes.

''A cadeia não cura, corrompe. O Estado está realizando trabalhos de ressocialização, estive em Curitiba recentemente onde 100 presos receberam diploma de profissionalização. Mas esse papel não é competência só do Estado, mas de toda a sociedade'', defende Laertes.

O conselho conta hoje com dez voluntários, mas está aberto a novas adesões. Segundo os participantes, qualquer profissional pode colaborar. A ideia é que os voluntários possam, por exemplo, dar oficinas profissionalizantes para quem está preso ou já deixou a cadeia. ''Uma empresa de bijuteria, por exemplo, pode profissionalizar mulheres que estão presas no 3º Distrito. Há benefícios para empresários como isenção fiscal'', lembra o advogado Romulo Araujo.

No momento, segundo Laertes, um dos maiores desafios é obter apoio de empresários para dar emprego a ex-detentos ou a quem está no regime semi-aberto. ''O preso é visto hoje como um leproso era visto anos atrás. Ninguém se aproxima. A sociedade precisa se sensibilizar, não pode só criticar e dizer que não tem jeito'', ressalta.

Na Casa de Custódia, a meta é implantar cursos de computação. ''Temos só dois computadores e estamos conversando com uma universidade de Ibiporã para dar o curso, oferecendo certificado'', aponta a advogada Claudia Bilachi.

Falta de oportunidade

A dificuldade para arrumar emprego é uma realidade que preocupa que está prestes a deixar a cadeia. É o caso do detento Caio (nome fictício), de 27 anos, que cumpre pena por assalto em regime semi-aberto na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL) II. Depois de três anos e sete meses atrás das grades, ele saiu da cadeia por alguns dias nesta semana. Antes de voltar para cumprir o restante da pena, contou à FOLHA que espera dificuldades para quando for finalmente libertado. ''Eu sei que é difícil. Meu irmão cumpriu pena e há quatro anos não consegue emprego fixo. Quando descobrem que ele tem antecedentes não o contratam'', lamenta.

Serviço

Interessados em ser voluntários do Conselho da Comunidade ou apoiar o projeto por meio de doação ou oferta de emprego para presos podem entrar em contato com a advogada Claudia Bilachi pelo celular (43) 9138-4438.

Fonte: Davi Baldussi - Reportagem Local - Jornal de Londrina

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