quarta-feira, 6 de abril de 2011

Importantíssimo - Londrina terá megacampanha de educação no trânsito

Dentro de dez dias, o Núcleo de Mobilidade Urbana promete colocar nas ruas a megacampanha Trânsito Legal que, entre outras ações, visa reduzir a violência no trânsito de Londrina. Com caráter educativo, a campanha será veiculada em rádios, TVs e jornais impressos. Contará ainda com blitze de orientação do pedestre e do motorista e chegará às escolas. O trabalho será realizado pelo Núcleo de Mobilidade Urbana que conta com representantes da sociedade civil e do poder público. Entre os representantes estão a Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), o Ministério Público (MP), a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanismo (CMTU), as polícias Militar e Rodoviária, entre outros.

“Pretendemos que a campanha esteja no ar entre o dia 15 e 17 de abril”, disse o presidente da Acil, Nivaldo Benvenho. “Devemos fazer o seu lançamento provavelmente na Exposição Agropecuária.” Benvenho explica que houve um atraso no lançamento da campanha, programado inicialmente para janeiro, em razão da dificuldade na arrecadação de recursos para a produção do material. Ele conta que conseguiram a produção a preço de custo – R$ 10 mil.

Os pontos abordados durante a campanha serão todos que abrangem o comportamento no trânsito: velocidade, respeito à sinalização, parar em fila dupla, cruzar preferencial, usar cinto de segurança, respeito à campanha Pé na Faixa, entre outros. Benvenho explica que a campanha educativa deve durar de dois a três meses e então terá início a intensificação da fiscalização com multas. “Neste segundo momento não vamos tolerar o desrespeito às regras do trânsito”, afirma. É aí que terá início a campanha Tolerância Zero. “Só vamos intensificar fiscalização com multa depois da campanha orientativa. O objetivo não é simplesmente punir.”

Ampla

O promotor Paulo Tavares, integrante do Núcleo de Mobilidade Urbana, ressalta que a campanha é muito mais ampla. “Quando se fala apenas em Tolerância Zero estamos reduzindo as ações que incluirão também flexibilização do horário de comércio, intervenções nas vias para melhorar o fluxo, fortalecimento do Ippul e da CMTU, melhoria do transporte coletivo.” Todas estas ações também estão em discussão no Núcleo de Mobilidade Urbana. “Nosso objetivo é garantir um trânsito mais seguro e reduzir as mortes em acidentes.”

O presidente da Acil, Nivaldo Benvenho, ressalta que outra ação do Núcleo é “a pressão sobre o gestor público para contratação de mais servidores para o Ippul", órgão responsável pelo planejamento urbano. Segundo ele, no próximo concurso público da Prefeitura, serão contratados mais nove profissionais para o instituto. Benvenho diz ainda que os funcionários da CMTU precisam de mais treinamento e capacitação. “Mas cada coisa deve ser feita a seu momento.”

Moradoras próximas a pontos críticos são favoráveis a multas
A curva da Avenida JK com a Rua Eduardo Benjamin Hosken e a Avenida Arthur Thomas são apenas dois pontos de Londrina que se transformam em palco de tragédias em decorrência da alta velocidade.

A professora Sandra Takahashi vive num prédio localizado na curva da Avenida da Avenida JK com a Rua Eduardo Benjamin Hosken, área central, desde 1973. Nos últimos 20 anos viu a imprudência fazer vários estragos materiais e levar três vidas. “Presenciamos tudo de camarote”. Ela mora no primeiro andar bem em frente à curva. Foram inúmeras as vezes que veículos levaram o muro do prédio. Uma vez, conta ela, o carro entrou no jardim do edifício e parou bem embaixo da janela do apartamento térreo. O poste de energia do edifício teve que ser trocado 21 vezes em oito anos. Sandra já perdeu um aparelho DVD e uma televisão e teve o computador desconfigurado em decorrência das quedas de energia. “Estas são perdas materiais. O problema maior é que pessoas estão perdendo a vida aqui”, afirma. “As pessoas vêm em alta velocidade e não percebem que a curva abre, mas em seguida já fica estreita e acabam batendo no nosso prédio.”

Nestes anos os moradores já tomaram algumas providências, como mudar o poste de energia de lugar e colocar estacas de madeira, concreto e ferro na calçada para evitar que batessem contra o muro. Ainda assim, o muro já foi destruído outra vez. O semáforo colocado no local também ajudou, segundo ela. Mas o problema persiste e preocupa. “Uma vez por mês temos uma batida grave aqui, além das várias batidas menores.”

Silvia Brazão, há 20 anos, moradora da região da Avenida Arthur Thomas, zona oeste, também tem presenciado tragédias. A última delas levou a vida de pessoas em um único acidente: um jovem de 23 nos, Denner Branco e um pai de família, Nelson Furquim, 45 anos. “Os acidentes antes aconteciam por conta dos buracos da avenida. Agora com o recapeamento, o problema é a alta velocidade”, afirma.

Durante duas semanas, Silvia, que é presidente da associação de moradores da região, e vários moradores fizeram protestos na Avenida Arthur Thomas contra a violência no trânsito, inclusive com a presença da CMTU com radares móveis. No final de semana seguinte um novo capotamento na avenida não tirou a vida de ninguém, mas deixou para Silvia a sensação de que mudança de comportamento não depende só de orientação. “Educação só muda hábitos em muito longo prazo.”

Tanto Silvia quanto Sandra consideram válida a proposta da campanha Trânsito Legal, do Núcleo de Mobilidade Urbana, mas acreditam que os resultados só virão quando os motoristas começarem a ser multados. “Só quando dói no bolso é que as pessoas se conscientizam”, afirma Sandra. “Na minha opinião a fiscalização com punição deveria acontecer junto a campanha educativa.” No caso da Avenida JK, Sandra afirma que o problema só vai acabar com lombada eletrônica. “Precisamos de obstáculos que obriguem a redução de velocidade.”

Fonte: JL

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