quinta-feira, 2 de junho de 2011

Maioria dos londrinenses reprova governo Barbosa Neto, segundo pesquisa


Embora o prefeito Barbosa Neto (PDT) ainda não tenha sido acusado diretamente por testemunhas ou mesmo pelos promotores, a Operação Antissepsia, que investiga a relação de agentes municipais com a corrupção na gestão de programas de saúde pública pelos institutos Atlântico e Gálatas, já atinge a popularidade do chefe do Executivo em Londrina.

Considerado como um governo regular por levantamentos anteriores à investigação, agora a avaliação do Paraná Pesquisas, contratada pelos jornais Gazeta do Povo e Jornal de Londrina, já revela os estragos na confiança da população em Barbosa.

À questão “De uma maneira geral, o senhor aprova ou desaprova a administração do prefeito Barbosa Neto até o momento?”, 52,48% dos entrevistados mostraram desaprovação ao governo ante 42,86% que aprovam a atual gestão, e 466% não sabe/ou não opinou.

O levantamento da Paraná Pesquisas foi feito entre 26 a 30 de maio, quando a Operação Antissepsia já se traduzia em uma enxurrada diária de notícias nos jornais, rádios e tevês locais sobre a investigação, revelada publicamente com a prisão de Fidélis Cangussu, o procurador-geral e braço direito de Barbosa no governo.

O cientista político Mario Sergio Lepre, explica que os dados da pesquisa revelam que a estabilidade inicial dos dois anos do governo Barbosa dá sinais evidentes de fadiga diante dos escândalos. “O prefeito e assessores foram envolvidos em uma sequência de fatos muito graves. Alguns, até inexplicáveis”, avalia o cientista. “A população percebe isso de muitas formas”.

O fato de a primeira-dama Ana Laura Lino ter sido acusada por um participante do esquema da saúde também contribuiu para a nebulosa que ‘cola’ em Barbosa, avalia Lepre.“O chefe do Executivo tem pontos positivos, mudou várias situações consolidadas na cidade. Mas se expôs demais, brigou muito, e marcou uma imagem de agressividade excessiva até mesmo quando toma medidas muito necessárias para a gestão”, afirma. “A avaliação, no entanto, piora um pouco porque passa para o campo de discussão da corrupção e as suspeitas sobre a Prefeitura. São desmandos que Londrina não tolera mais”, aponta o analista.

Segundo Lepre, a reprovação ao governo deve aumentar caso o noticiário sobre a investigação se estenda: “A corrupção é nefasta. Se as notícias se mantiverem na mídia, Barbosa terá uma grande questão para enfrentar no próximo ano.”

Na pesquisa, a saúde pública na cidade foi assimilada pela população como foco dos maiores problemas na cidade. Cada entrevistado poderia indicar duas áreas críticas - e o descontentamento com a Saúde foi apontado por 65,6% dos pesquisados que responderam à pergunta “Qual hoje é o maior problema enfrentado pelos moradores de Londrina?” Na sequência, a Segurança Pública (43,73%) e a falta de pavimentação/asfalto (18,51%) foram os setores relacionados como mais graves da gestão. “Saúde ruim, segurança complicada e buraco no asfalto derrubam qualquer administração”, arrematou Lepre.


Pesquisa ouviu 686 eleitores
A Paraná Pesquisas ouviu 686 eleitores, acima de 16 anos, no município de Londrina. O levantamento se dá por entrevistas pessoais, coletadas entre os dias 26 e 30 de maio. A amostra pesquisada, representativa do município de Londrina, garante grau de confiança de 95% e tem margem de erro de 4%.


Saúde tem pior nota isolada; transporte coletivo se sobressai

De forma isolada, os entrevistados deram notas para diversos setores. Na pergunta “de zero a dez, que nota o senhor daria para o município de Londrina?” a Saúde Pública municipal foi avaliada com o pior desempenho entre seis problemas - com média 2,62. É seguida de perto pela Segurança Pública (3,80) e pela Ação Social (média 5,11). Os dois melhores desempenhos ficam com o Transporte Coletivo (6,34) e a Limpeza Pública Urbana (5,48).


Trocar gestão por política é fraqueza, avalia cientista
O cientista político Mario Sérgio Lepre vê que Barbosa está no limite de uma opção que pode ser crucial para a própria imagem. A ida do secretário Marco Cito, antes na forte Secretaria de Gestão Pública, para a Secretaria de Governo, onde atuará diretamente na interlocução com a Câmara de Vereadores, é sintoma de que a administração tende a preferir um caminho muito de resposta à crise que seja muito mais político do que de gestão.

“Negociar a estabilidade do mandato com os vereadores faz a cidade perder a administração rotineira dos problemas da população”, afirma o cientista. Segundo Lepre, o risco de Barbosa é “jogar para a administração política o que está perdendo na gestão gerencial”.

A concentração de esforços para conter a crise na Câmara – onde pelo menos três Comissões de Investigação assombram o governo – “tira energia da função de gestor e foca no controle político, o que pode aumentar o desgaste”. Para Lepre, “não há duvidas de que a população sente isso”. Qual seja o caminho, o cientista político é firme em atestar que “Londrina já perde” e que a via meramente política para conter os problemas “pode levar Barbosa a decretar o fim do próprio governo”.

Saúde, segurança e asfalto ruim

A crítica avaliação popular da saúde pública municipal, somada a impressões negativas da Segurança Pública e à repulsa coletiva quanto à insuficiente manutenção da pavimentação e dos buracos da cidade são a receita para um descontentamento “que atinge todos os segmentos e classes sociais de Londrina com a gestão atual”, afirma o cientista Mário Lepre.

Segundo ele, uma crítica saúde pública atinge todos os estratos sociais, ainda que nem todo usem o sistema público: “A dengue, por exemplo, é socialmente democrática e chega em todos os lares”, lembra. Como Londrina é uma cidade movida por veículos, os buracos também se destacam na hora do eleitor avaliar a gestão. “Uma cidade com um aspecto estético agradável, meio-fio pintado, placas de sinalização e sem buracos é algo muito interessante para a administração municipal. Se os cidadãos se sentem mal na cidade onde vivem, na prática podem reprovar uma gestão inteira só com base nisso.”

Fonte: JL - Marcelo Frazão

Sem comentários:

Enviar um comentário