quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Um ano de Pé na Faixa - velocidade e desrespeito

Ainda falta muito para um comportamento exemplar


Em um ano de Pé na Faixa, motoristas e pedestres ainda têm dificuldade em incorporar o novo comportamento no trânsito, tanto nos locais com a placa indicativa da campanha, quanto no trânsito em geral. Os motoristas, muitas vezes, continuam dirigindo em alta velocidade e não param para o pedestre atravessar a rua. O pedestre, por sua vez, muitas vezes atravessa fora da faixa.

De acordo com estatísticas do Corpo de Bombeiros o número de atropelamentos praticamente se manteve inalterado depois da implantação da campanha: foram 407 registros entre 1º de janeiro e 22 de setembro de 2009 e 390 no mesmo período neste ano.

Ontem, em meia hora de observação nas ruas do centro, a reportagem do JL flagrou infrações de ambas as partes. Um pedestre teve que aguardar três carros passarem para só então atravessar na faixa com a placa indicativa da campanha. Pelo menos cinco carros e uma moto passaram em alta velocidade, enquanto pedestres aguardavam para atravessar a rua. Vários pedestres atravessaram alguns passos fora da faixa de segurança.

Sérgio Dalbem, idealizador da campanha implantada em setembro do ano passado, afirma que reduzir a velocidade é uma das mudanças de comportamento que deveriam ser incorporadas no trânsito. As faixas de segurança da campanha Pé na Faixa funcionariam, segundo ele, como lombadas que obrigariam a redução de velocidade. Para Dalbem, em um ano os resultados já deveriam estar mais avançados. Isso não ocorreu, na avaliação dele, devido a um “esfriamento das campanhas educativas”. Como se trata de mudança de comportamento e implantação de uma nova cultura, as campanhas deveriam acontecer diariamente durante médio e longo períodos.

O diretor de trânsito da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Wilson de Jesus, garante que as campanhas educacionais continuam acontecendo de forma intensa nas ruas, empresas, entidades, escolinha de trânsito e junto a idosos, crianças, escolas municipais e particulares. “De forma alguma houve um esfriamento das campanhas. Temos trabalhado intensamente a educação no trânsito.”

Socorrista do Siate há 13 anos, Eduardo Nilson diz que em sua experiência no atendimento a atropelamentos ainda não é possível perceber os efeitos da campanha Pé na Faixa no comportamento dos pedestres e motoristas. “O comportamento continua o mesmo. E não acredito que vão diminuir os atropelamentos. É uma questão de costume, de hábito das pessoas que precisam de conscientização’, diz. Ele afirma ainda que na maioria dos casos de atropelamentos que socorre, a imprudência partiu do pedestre. A principal delas é atravessar fora da faixa, mesmo com ela perto.

Resultados satisfatórios

Para o diretor de Trânsito da CMTU, Wilson de Jesus, os resultados obtidos em um ano de Pé na Faixa são satisfatórios. Jesus defende que a população já incorporou o novo comportamento. “Não é 100% ainda, mas em outras cidades, esse é um processo que leva quatro anos para ser concluído.” Para ele, a diminuição no número de multas é um reflexo da campanha, e não de redução da fiscalização. “Em maio [deste ano] foram 129 multas; em junho, 448; em julho, 106 e em agosto, 25.” Jesus também justifica a estabilidade no número de atropelamentos. “São vários fatores que têm que ser levados em consideração: número da frota de veículos, onde ocorreram os atropelamentos.” Ele defende que a redução da velocidade não deve ser associada ao Pé na Faixa, mas a outros mecanismos, que ainda devem ser estudados.

Fonte: JL - Erika Pelegrino

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