No último ano, companhia elevaram em 25% o valor das taxas. De janeiro a setembro, 1.442 carros ou motos foram “levados” por bandidos. O número representa um automóvel subtraído a cada 5 horas
A cada cinco horas um veículo é furtado ou roubado em Londrina. Dados das polícias Militar e Civil mostram que, de janeiro a setembro deste ano, 1.442 veículos foram “levados” por ladrões. O número é um pouco menor se comparado ao mesmo período de 2009, quando foram registradas 1.589 ocorrências dessa natureza. Contudo, essa redução não foi suficiente para impedir que as seguradoras elevassem o preço dos seguros na cidade.
Segundo o representante em Londrina do Sindicato das Seguradoras do Paraná e Mato Grosso do Sul, Maurício Pinelli, até o ano passado as taxas praticadas na cidade estavam no mesmo patamar de Maringá (distante 100 km de Londrina). No entanto, o índice de furtos e roubos levou as companhias a reajustarem o valor em até 25%. Para exemplificar, ele cita o caso de um motorista que irá realizar o primeiro seguro de um veículo do modelo Uno sem nenhuma bonificação: em Maringá, o proprietário desembolsaria R$ 2 mil, enquanto em Londrina o valor não seria inferior a R$ 2.500.
“Na minha companhia fizemos essa diferenciação de valores há um ano, mas tem empresas que reduziram o valor praticado em Maringá a menos de seis meses. O valor do seguro em Londrina ainda não está no patamar das grandes capitais, mas os casos de furtos e roubos têm puxado o valor dos seguros”, afirma.
Carros, os preferidos
Os carros correspondem a 70% do total de veículos subtraídos em Londrina. Os 30% restantes são motocicletas, como explica o delegado da Delegacia de Furtos e Roubos, Lanevilton Theodoro Moreira. Segundo ele, no cenário atual não há um modelo específico de carro que é alvo dos ladrões. “Hoje não estamos enxergando preferência por determinados tipos ou modelos, como evidenciado em momentos anteriores.”
Quando o delegado menciona a “preferência”, refere-se à quadrilha presa no primeiro semestre deste ano, que era especializada em furtos e roubos de carros de luxo. Entre os preferidos estavam caminhonetes da marca Hilux e veículos Toyota, de anos e modelos muito novos - o que despertou o interesse da polícia.
O mapa do perigo
Para o delegado Lanevilton Moreira, os ladrões agem mais na área central em razão do grande volume de veículos que circulam por ali. Quanto ao horário, a prática dos crime se diferencia: os furtos são registrados durante o dia; já os roubos têm maior concentração depois das 18h.
O representante do Sindicato das Seguradoras, Maurício Pinelli, cita como pontos críticos na área central a Avenida Bandeirantes, em razão da grande concentração de clínicas médicas, e a região do Zerão. “Nesses locais, os motoristas devem redobrar a atenção quando saem do carro. Não estacionar em vias mais desertas e sempre estar bem atentos com a aproximação de pessoas desconhecidas e motociclistas em duplas. Há muitos casos desse tipo de abordagem, em que um rende o motorista e o outro foge com o veículo.”
Mercado complexo
O “mercado” de furtos e roubos de veículos é dominado pelos grupos organizados, que agem intensamente e dão diversas destinações ao produto do crime. É o que afirma o delegado Lanevilton Moreira. Segundo ele, alguns são levados pelos ladrões para países vizinhos do Brasil, nos quais são trocados por drogas. Outros, para a comercialização das peças por “empresários”. Há ainda a receptação, visando “legalizar” os veículos e a futura venda, assim como a utilização das peças em carros batidos adquiridos em leilões.
“O que determina a ocorrência de crimes contra o patrimônio é a lei de mercado da oferta e da procura. Existem receptores que impulsionam a subtração dos autos. Já em relação às motos, o principal objetivo é a comercialização de peças”, diz.
Há ainda os veículos que são usados em outras práticas criminosas. Um exemplo citado pelo delegado foi a tentativa de assalto, em setembro, de um caixa eletrônico instalado na Companhia Cacique de Café Solúvel. Na ação, aproximadamente 12 homens usaram três carros provenientes de furtos.
Viés de queda
Os números da polícia apresentam nos últimos meses uma redução nas ocorrências furtos e roubos de veículos em Londrina. Para o delegado Lanevilton Moreira, isso é reflexo do trabalho das polícias, que conseguiram desarticular no primeiro semestre dois grupos organizados. “Com a desarticulação, tem uma redução considerável. Contudo, quando há a articulação de um novo grupo, e até que seja identificado e detido, tem um acréscimo considerável de números [ocorrências]. Como furto e roubo estão diretamente relacionados a grupos organizados, há uma oscilação considerável a cada mês.”
O trabalho da polícia, conforme o delegado, também tem rendido “altos índices de recuperação”. Em setembro, ele diz que foram recuperados 60% do total de veículos furtados ou roubados no mês. “Esse não é um número que podemos usar como média, pois já tivemos meses de 70% [ de recuperação] e outros em que chegamos a 50%. No entanto, os números são significativos.”
Fonte: JL - Daniel Costa
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